Pensei em começar o texto com um retrospecto das minhas lembranças do casal Angélica e Jucá - porque quando o conheci ele não era o Antônio Carlos, mas o Jucá. Tenho imagens da Angélica: amigos em comum, conversas sobre maquiagem no café do Ifcs, esbarros nos corredores; sempre doce e sempre gentil, muito menina, a companheira (namorada? noiva? esposa?) do Jucá. Pensando nos dois juntos, teve aquele final de semestre em que fomos todos da turma do mestrado tomar um chopp. A matéria: "Questões de Escala". Ah sim! A memória mais antiga que tenho do Jucá é que ele me considerava uma aluna tresloucada e que me deu nota B. Mágoa eterna, viu?
Foi realmente uma surpresa quando recebi por e-mail um contato da Angélica. Moravam juntos há alguns anos e haviam decidido que era o momento de oficializar as coisas, para as mudanças internas que isso acaba provocando, pelas mudanças externas inevitáveis. Marcamos uma conversa e então conversamos por 4 horas que não pareceram nada. Mil assuntos, algumas trocas de vestido, uma questão sincera e franca: escuta, quando falei pro Jucá Antonio que ia te chamar ele disse: você sabe que a Priscilla é meio maluca não é? Gargalhei. A menina dos corredores, a namorada do professor, se transfigurou numa mulher com uma história de vida densa, um casamento anterior, muita coragem, muitos percalços, uma mudança radical de cidade, de vida, de planos, um novo amor que lhe acometeu de repente. Cafés na Rua do Ouvidor, uma temporada em Lisboa. Será que ia dar certo?? Aquele casamento era pra gritar isso pra todo mundo, não que tinha dado certo, mas que todos os dias dava certo.
Foi assim que começamos a pensar como seria o pleito, o lance, o casório.
O Solar das Palmeiras surgiu quase como uma sugestão natural: o casarão histórico era perfeito para um casal de historiadores e, além de todo seu encanto natural, ficava perto da casa de todo mundo e cabia no orçamento (!). O buffet seduziu o casal logo na degustação e aí foi só questão de tempo (e de alguma paciência, e de algumas degustações em lugares-roubada....) até que conseguíssemos ajustar as opções do Crica Camargo à ideia de um brunch, de uma tarde de domingo gostosa com os amigos mais chegados.
Não sou dessas que contam que foi tudo lindo e maravilhoso no planejamento (LOL) porque tivemos nossos momentos de desentendimento porque sou uma travestchy e os dois queriam um casamento mais sóbrio, mais discreto. Foi essencial pra que pudéssemos ajustar as coisas e montar algo que realmente coubesse nas expectativas da Angélica e do Jucá. Foi aí que entrou na história a Roberta Araújo. A Betinha montou um projeto super bacana, super delicado e ouviu com a maior paciência meus argumentos e os da Angélica sobre tudo fosse por email, pelo skype querido ou ao vivaço.
Aos poucos, o brunch foi tomando formas e cores. O salmão clarinho e o verde água fariam par com a madeira escura do Solar. O registro de tudo ficou a cargo do Mateus Abboud, um achado precioso indicado por amigos da noiva e cujo trabalho despertou nossa paixão assim de cara. É ele quem conta um pouco da narrativa desse casamento que, cheio de emoções, aconteceu justamente num domingo em que a prefeitura resolveu podar as árvores nas proximidades da casa da festa. Nota relacionada: o bolo ficou preso no engarrafamento e chegou uns 20 minutos antes do casamento!! Perrengues acontecem.. Teve o vestido, teve o convite (aaaaaaaa que parto, né Angélica!?) e em algum momento tivemos tanta certeza que tavam fazendo macumba contra o casamento que fomos fazer reunião no Parque Lage pra pedir axé a natureza.
Acho que o importante é quando tá rolando a cerimônia e o noivo diz nos votos que "o segundo casamento é a vitória da esperança sobre a experiência" e todo mundo morre de rir, ou quando começa a tocar uma música e a noiva grita uhuuu minha música e sai correndo, e dança e os dois fazem a primeira dança como se ninguém tivesse olhando numa mágica íntima que pouca gente tem a oportunidade de viver. Essa é a lembrança mais recente que tenho do casal Angélica e Jucá... os dois num carinho, numa continuidade de um amor particular, quase um segredo que só os dois conhecem. As delicadezas e cuidados de um amor que não pede permissão pra aparecer na vida da gente, o que eu vi nos dois é que se permitiram a isso, há uma entrega, uma devoção tão grande entre os dois... Fico contente de ter podido participar da partilha desse amor-relicário.
Make-up e cabelo: Loeni Mazzei || Dia da noiva: casa do sogro ||
Cerimônia e Recepção: Solar das Palmeiras || Buffet: Crica Camargo
Bolo: Patrícia Siqueira || Doces: Julliana Felix || Bem-casados: Rafaela Panisset
Decoração: Roberta Araújo Eventos || Flores: Jolly Eventos
Lembrancinha: Imagens do Rio antigo, impressas pelos noivos
Vestido da noiva: Débora Noivas || Roupa do noivo: Só À Rigor (Copacabana) ||
DJ: Cauê Campean || Convite: Pequenos Luxos || Espumantes: CADEG
Assessoria, cerimonial e decoração: Vou Casar e Panz > equipe: Ana Pads e Ju Sales
Fotografia: Mateus Abboud