segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O casamento que sonhamos e a vida que podemos viver

 quinta-feira, 21 de julho de 2011

falta 1 dia e não fui dormir ainda

Porque minha garganta dói muito, porque já tem vozes que não suporto mais ouvir (com a minha; já não posso mais há quantos dias? - as mesmas frases, as mesmas coisas chatas chatas chatas)

Manter a unidade do seu amor diante de mil pirotecnias e quinquilharias que juram ser essenciais pra que ele exista e sobreviva. O Manolo diz que todo ritual é assim: dói e tem muita gente.

Manter a unidade do meu amor diante de um monte de babaquices.
Coincidentemente, esse final de semana recebi 3 emails de noivas diferentes que, em comum, tinham um peso no coração porque talvez não tenham como fazer o casamento que sempre sonharam. Talvez não haja dinheiro, talvez não tenha jeito. Perguntavam por alguma luz no fim do túnel. Vou responder a cada uma, mas essa angústia é tão de todas nós que queria dizer assim em público que, meninas, quero que acreditem num clichê sábio: melhor do que sonhar é viver. Viver o que der pra viver. Viver o que não vai dar é um caminho rápido pra frustração, pra enlouquecer. 
A verdade sobre como o ritual do casamento se faz hoje - nesses tempos em que o pai da noiva não banca apartamento, em que preferimos sonhar com um trabalho que dê alegria do que com 8hs diárias como bancário, em  que queremos fazer as coisas do nosso jeito - é essa: precisamos ter coragem e abrir mão de alguns dos sonhos de menina.
Se vamos ser donos de nossas vidas e patrocinadores dos nossos desejos, temos de sonhar e agir como tais: Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança. Paulo disse que era na fraqueza que se revelava toda sua força. Abandonar aqueles aconchegos, afetos, aquelas brincadeiras, aqueles sonhos, as garantias seguras de felicidade dentro deles... não é fácil! É extremamente doloroso! Mas a escolha precisa ser feita sob o risco de nos pegarmos agindo como um cachorro que corre atrás dos carros sem nunca alcançar e sem nem saber porque os persegue.
Encarar de frente que não somos princesas ou rainhas, que somos mulheres apenas. Ninguém nos diz isso e eu não sei porque... Essas princesas nunca existiram pra além das nossas sagas com a Barbie, pra além dos contos de fada que nada mais são que plástico e fantasia. Temos a oportunidade e a liberdade de vivermos de verdade as nossas histórias reais, com amores reais e dificuldades reais a serem superadas. Um dia a dia real com contas reais a pagar, e reais festinhas de família a comparecer, com tardes frias reais dormindo de conchinha, com beijos reais e crises de asma no meio da madrugada reais. 
Viver é melhor do que sonhar viver. Tá certo, no sonho é tudo tão sem limite e a felicidade é tão completa, tão perfeita... abrir mão dessa segurança, desse amparo que a fantasia dá é foda! Como num presente de Natal que é exatamente o que pedimos, na nossa imaginação, nos nossos sonhos de Barbie não existe frustração. Quem quer abrir mão disso? Por outro lado, Barbie é uma boneca e, como tal, é comandada. Desconhece autonomia e independência. Tudo o que ela tem foi você quem deu. Também a princesa, tudo o que ela tem já estava lá quando ela nasceu: o título, os luxos, as mordomias, as responsabilidades devotas pra com seu povo. Barbies e princesas não se pertencem a elas próprias, nós sim. 
A má notícia para você e eu, mulheres normais,  mortais e donas das próprias histórias é que os desejos tem limite. Mas, vai por mim - e você sabe disso - nada de compara a sentir a liberdade batendo na cara, a liberdade de viver o que é seu e o que é de verdade ao lado da pessoa que te acompanha nessa aventura de loucos. Sem rede de segurança, sem imaginações edulcoradas. A realidade nua, mas sua. Uma vida toda aqui...

Bem, nisso tudo cabo de esbarrar comigo mesma 1 dia antes do meu casamento. Li as poucas linhas aí do começo e foi como um soco no estômago. Aquele foi um dia estranho e assustador, mas certamente eu estava  mais lúcida do que durante todo o processo. Que item do seu casamento é realmente necessário a unidade do seu amor?
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