domingo, 27 de janeiro de 2013

Angélica e Antonio Carlos: um casamento intimista no Solar das Palmeiras


Pensei em começar o texto com um retrospecto das minhas lembranças do casal Angélica e Jucá - porque quando o conheci ele não era o Antônio Carlos, mas o Jucá. Tenho imagens da Angélica: amigos em comum, conversas sobre maquiagem no café do Ifcs, esbarros nos corredores; sempre doce e sempre gentil, muito menina, a companheira (namorada? noiva? esposa?) do Jucá. Pensando nos dois juntos, teve aquele final de semestre em que fomos todos da turma do mestrado tomar um chopp. A matéria: "Questões de Escala". Ah sim! A memória mais antiga que tenho do Jucá é que ele me considerava uma aluna tresloucada e que me deu nota B. Mágoa eterna, viu?

Foi realmente uma surpresa quando recebi por e-mail um contato da Angélica. Moravam juntos há alguns anos e haviam decidido que era o momento de oficializar as coisas, para as mudanças internas que isso acaba provocando, pelas mudanças externas inevitáveis. Marcamos uma conversa e então conversamos por 4 horas que não pareceram nada. Mil assuntos, algumas trocas de vestido, uma questão sincera e franca: escuta, quando falei pro Jucá Antonio que ia te chamar ele disse: você sabe que a Priscilla é meio maluca não é? Gargalhei. A menina dos corredores, a namorada do professor, se transfigurou numa mulher com uma história de vida densa, um casamento anterior, muita coragem, muitos percalços, uma mudança radical de cidade, de vida, de planos, um novo amor que lhe acometeu de repente. Cafés na Rua do Ouvidor, uma temporada em Lisboa. Será que ia dar certo?? Aquele casamento era pra gritar isso pra todo mundo, não que tinha dado certo, mas que todos os dias dava certo.

Foi assim que começamos a pensar como seria o pleito, o lance, o casório.

O Solar das Palmeiras surgiu quase como uma sugestão natural: o casarão histórico era perfeito para um casal de historiadores e, além de todo seu encanto natural, ficava perto da casa de todo mundo e cabia no orçamento (!). O buffet seduziu o casal logo na degustação e aí foi só questão de tempo (e de alguma paciência, e de algumas degustações em lugares-roubada....) até que conseguíssemos ajustar as opções do Crica Camargo à ideia de um brunch, de uma tarde de domingo gostosa com os amigos mais chegados.

Não sou dessas que contam que foi tudo lindo e maravilhoso no planejamento (LOL) porque tivemos nossos momentos de desentendimento porque sou uma travestchy e os dois queriam um casamento mais sóbrio, mais discreto. Foi essencial pra que pudéssemos ajustar as coisas e montar algo que realmente coubesse nas expectativas da Angélica e do Jucá. Foi aí que entrou na história a Roberta Araújo. A Betinha montou um projeto super bacana, super delicado e ouviu com a maior paciência meus argumentos e os da Angélica sobre tudo fosse por email, pelo skype querido ou ao vivaço.

Aos poucos, o brunch foi tomando formas e cores. O salmão clarinho e o verde água fariam par com a madeira escura do Solar. O registro de tudo ficou a cargo do Mateus Abboud, um achado precioso indicado por amigos da noiva e cujo trabalho despertou nossa paixão assim de cara. É ele quem conta um pouco da narrativa desse casamento que, cheio de emoções, aconteceu justamente num domingo em que a prefeitura resolveu podar as árvores nas proximidades da casa da festa. Nota relacionada: o bolo ficou preso no engarrafamento e chegou uns 20 minutos antes do casamento!! Perrengues acontecem.. Teve o vestido, teve o convite (aaaaaaaa que parto, né Angélica!?) e em algum momento tivemos tanta certeza que tavam fazendo macumba contra o casamento que fomos fazer reunião no Parque Lage pra pedir axé a natureza.

Acho que o importante é quando tá rolando a cerimônia e o noivo diz nos votos que "o segundo casamento é a vitória da esperança sobre a experiência" e todo mundo morre de rir, ou quando começa a tocar uma música e a noiva grita uhuuu minha música e sai correndo, e dança e os dois fazem a primeira dança como se ninguém tivesse olhando numa mágica íntima que pouca gente tem a oportunidade de viver. Essa é a lembrança mais recente que tenho do casal Angélica e Jucá...  os dois num carinho, numa continuidade de um amor particular, quase um segredo que só os dois conhecem. As delicadezas e cuidados de um amor que não pede permissão pra aparecer na vida da gente, o que eu vi nos dois é que se permitiram a isso, há uma entrega, uma devoção tão grande entre os dois... Fico contente de ter podido participar da partilha desse amor-relicário.
 
 

Make-up e cabelo: Loeni Mazzei  || Dia da noiva: casa do sogro  || 
Cerimônia e Recepção: Solar das Palmeiras ||  Buffet: Crica Camargo  
Bolo: Patrícia Siqueira || Doces: Julliana Felix || Bem-casados: Rafaela Panisset 
Decoração: Roberta Araújo Eventos || Flores:  Jolly Eventos

Lembrancinha: Imagens do Rio antigo, impressas pelos noivos 

Vestido da noiva: Débora Noivas || Roupa do noivo: Só À Rigor (Copacabana) || 
DJ: Cauê Campean || Convite: Pequenos Luxos || Espumantes: CADEG

  Assessoria, cerimonial e decoração: Vou Casar e Panz > equipe: Ana Pads e Ju Sales
Fotografia: Mateus Abboud 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Belle & Vinicius: uma aventura com pássaros entre Londres, Maricá e Meier

 

Companheiros e companheiras, estou de volta! Bem, ao menos estou tentando voltar. Tenho trabalhando tanto que não tenho tempo nem de trabalhar! Nisso, quem anda um bocado esquecido e relegado é este blog que vos fala. Peninha, viu? Mas juro que tenho tentado voltar. Me deixou bem injuriada ter apagado sem querer (alô alô burrice) metade das imagens do Vou Casar e Panz, gente, quase desmaiei!! Com algum tempo, contrato um escravo um estagiário pra me ajudar a reeguer essa toca do Gugu porque do jeito que tá não dá pra ficar.

Buenas, mas de nada adianta chorar pitangas ALWAYS LOOK ON THE BRIGHT SIDE OF LIFE! A agenda está cheia e o trabalho tem sido tão louco quanto gratificante. Me surpreende, me deixa plena e, principalmente, me vicia. Compartilhar essas trajetórias de amor publicado pra mim é essencial; reler os acontecimentos, trocar experiências e ficar besta de ver mais um casamento, de me ver fazendo parte de mais uma história.

Minha ideia é fazer uma pequena maratona, postar alguns dos casamentos que rolaram no ano passado sob a batuta do Vou Casar e Panz. Vamos ver se dá certo hein! A primeira da lista é a Isabelle, uma grande amiga que fiz na faculdade e que hoje está bordejando por Paris com seu amor. De Maricá para o mundo! Espero que curtam!


Belle & Vinicius: uma aventura com pássaros entre Londres, Maricá e Méier

Outro dia (ok, não foi outro dia, já se vão uns 3 ou 4 anos isso aí) eu e a Isabelle estávamos no Centro do Rio e tivemos uma ideia brilhante: ir a todos os bares do Arco do Telles tomando uma cerveja em cada um. As únicas lembranças nítidas que tenho desse dia é que em algum momento coloquei adoçante na batata frita, que não conseguimos ir a todos os bares e que, horas depois, estávamos na estação das barcas de Niterói abraçadas cantando Je ne regret rien.
Teve também aquela caminhada de 16 horas em Florianópolis indo... pra onde? Fazia um frio absurdo e bebemos Country Wine. Aqueles dias foram loucos. Em atividades mais produtivas, pesquisamos juntas a escravidão no Brasil Império, fomos ao show do Caetano, compramos brincos de semente e fomos vítimas do Bruno como motorista. Bom, você me disse que ia casar e fiquei supresa, mas você disse com uma certeza que me calou. Belle vai casar com o Vinicius, aquele carinha de Maricá que era barman em Londres, aquele que aparece nas fotos com ela em Rio das Ostras. Exato, aquele que ela pegou em Ilha Grande. Essa menina não é fácil!

Depois de tantas aventuras, bagunças e doideiras nessa nossa trajetória, como a gente poderia pensar que seu caminho pro altar seria diferente? Foi o que pensei quando deu 11 da noite e ainda estávamos na costureira, no Méier: dia anterior ao casamento, bordávamos seu vestido.   


Fazendo um casamento personalizado no esquema "pacotão"

O casamento da Bebel foi um desafio pro meu método de trabalho. Em Maricá, como deve ser comum aos municípios da Região dos Lagos e em muitas cidades mais pro interior, essa coisa de casamento personalizado, de DIY, de cerimonial e assessoria costuma ser visto como algo meio desnecessário. O raciocínio faz todo o sentido, hoje eu percebo: se minha prima é dona de um buffet, se minha comadre vende salgadinhos, se sempre fomos felizes com as festas do salão X, porque embarcar num plano de casamento onde tudo é separado, onde os fornecedores são desconhecidos e onde o risco de acabar gastando mais do que o planejado fica assombrando? 

Confesso que até a Bell me chamar pra dar uma mão no casamento eu fiquei bastante preocupada porque, bem, nunca escondi meu preconceito contra o kit festa-pacotão, não é? Como eu ia harmonizar um conjunto de serviços amarrados + a grana disponível + a montagem de um casamento que fosse "a cara dos noivos"?  Ainda mais quando ela era lá toda amante de Los Hermanos, cabelos selvagem e brincos de semente e ele naquele vizu british, cheio de simpatias pelo punk anárquico...! Uma recepção tradicionalzona e de aspecto repetitivo não ia ter nada a ver! Por outro lado, precisávamos respeitar e fazer algo que fosse gostoso também pra galera mais tradicional, pros familiares. Pânico! Foi a Bell quem me acalmou: Prillzoca, se não der pra fazer um negócio mais personalizado, deixa pra lá, vamos ser práticas.  Do começo ao fim - com alguns momentos bridezillescos, normal né, a Bell foi prática. Cheguei a mencionar que o casamento seria dali há 4 meses?

A epifania da solução apareceu na primeira visita ao buffet Bianca Festas. Cara, a gente tem que manter a mente aberta nessa vida... a Janaína, coordenadora do Buffet, tem um acervo imenso! Muitos e muitos itens, negocinhos, toalhas, passadeiras, guardanapos em diversos materiais e estilos.  Fiz uma espécie de inventário de tudo que poderíamos usar. Apesar dos olhares de are you on crack misturei juta com provençal, metal com marrom, espelhado com lanterna marroquina. Abrimos mão do esquema "fechar evento por cor", decidimos por uma paleta - lilás, pistache e violeta - e catamos tudo do buffet que se encaixasse nela e no conceito lúdico+rústico+tradicional.

 



Buscando complementar o acervo e adicionar os toques de personalização, fomos à Saara e compramos alguns laces como passarinhos de palha e fitas pra fazer um varal. Isabelle encomendou no Elo7 mini xícaras e, com uma florista local, negociou mini cactus. Aquelas "pequenas coisas" fizeram toda a diferença e o resultado da decor ficou único, mesmo tendo originado de um kit festas. E vimos que era bom. 
Montei um projeto pra lá de safado, meu primeiro projeto, usando o paint e o word e repassei-o pro buffet. Dali ele foi distribuido pra boleira e pros floristas.

Mas gente, nem tudo são flores na vida de Joseph Klimber. Atenção quadriplicada: não é todo o buffet que aceita que pessoas "de fora" mexam nos seus itens. No dia do casamento, tudo para além do que naturalmente o buffet estava acostumado a montar ficou ao meu cargo. Se desse merda, era minha cabeça quem iria pra guilhotina. Sem tempo pra pensar no pescoço, montei as paradas com uma mão amiga - e meio bolada com aquela mistura toda - do pessoal do buffet. A partir deste dia, nunca mais saí de casa sem minha equipe. 

E onde estava a noiva?? Isabelle estava aos cuidados da Ju Sales; historiadora, maquiadora, amiga em comum e personal chá de camomila de noivas tentando decidir se mantinha o olhão preto polêmico ou se mudava pra algo menos ousado. E onde estava o noivo?? Bem, pra variar, o noivo sempre está zuando com os amigos; um vestido de homem aranha, outro de V de Vingança.. então tá.

Acabei não conseguindo assistir a cerimonia. O cerimonial era da própria igreja, da Pastoral que promove os encontros de casal, se não me engano, mas gostaria de ter assistido à entrada ao som de Nothing Else Metter na capelinha centenária que fica à beira da Lagoa de Maricá #chatiada

O vestido que ficou pronto às 4 da manhã

Às vezes fico achando que casamento é um troço feito pra dar errado e que o papel de uma cerimonialista é garantir pra que as tristezas se resumam a pequenas merdas que virarão memórias engraçadas pro almoço de domingo. Isabelle, a história do seu vestido já virou uma memória engraçada?

Gente, Gorete tinha que ter sido canonizada depois desse casamento!! Porque, correndo feito uma louca, morando em Maricá e dando aulas em Quintino, a Bell mal tinha tempo de respirar, que dirá de casar! Ela até escolheu rápido o modelo do vestido, mas nosso tempo reduzido não deu chance pra irmos juntas comprar o tecido ou fazer dezenas de provas. 

O resultado foi que, na semana anterior ao pleito, ela chegou pra fazer a prova final e descobriu APENAS QUE ODIOU O RESULTADO! Ela queria um negócio sequinho, mais fluido e colado no corpo, mas a gente não tinha entendido e então estava lá o tulle dando um ar de balé armado ao vestido! Todo mundo se descabela e Gorete no "calma, caras!", definiu que ela e Isabelle iriam ao Divino a Madureira catar um tecido que desse ao vestido o caimento desejado. 

Aparentemente, elas se aproveitaram da minha ausência pra formular um plano totalmente desajuizado: pensar num novo modelo que incluiria um corpo todo de rendas com pedrarias aplicadas. Não amigas, não, elas não compraram uma renda inteira pra aplicar, compraram uma pra recortar as florzinhas e encaixar uma por uma (neste momento em que escrevo, parei pra tomar uma cerveja e aplacar a crise de risos). Foi na linha de sucessão desses acontecimentos que cheguei no ateliê da Gorete na noite de sexta-feira e encontrei a) uma pizza e b) 254 bilhões de florzinhas de renda. As duas loucas lá bordando! O que é que a pessoa pode fazer nessas horas além de pegar uma agulha também - como se soubesse segurar numa. Deu no que deu: um vestido liiiindo que ela só tirou novamente no domingo de noite quando os cílios postiços desistiram de ficar colados na cara. 

A dica de ouro disso: todo vestido de noiva é um processo que começa dum ponto, dum modelo, e aí, na medida em que vai sendo feito ou buscado, as coisas podem e devem mudar. O bom de fazer numa costureira ou estilista é isso, poder participar de cada uma das etapas e descobrir seu vestido no meio de várias expectativas e fotos de revista.


Epílogo
O casamento foi o máximo, caras! Belle e Vinícius animadíssimos, apaixonados, irreverentes. Naquela vibe toda deles. Muitos abracinhos, muita família, amigos de todas as tribos, gringos e maricaenses, rodinha de pogo  (um beijo, System of a Down). Comida e bebida à rodo, docinhos e bolo pra quem quis e pra quem não quis como manda a velha tradição. Nos obrigaram a trazer um pedaço de bolo pra casa que era tão pesado que tive de colocar em cima da mala de rodinhas, sem sacanagem! O custo total, incluindo a loucura das rendas e o excêntrico chinelinho cravejado de pérolas, foi R$18 mil. CHOREM HATERS!

As imagens desse dia + do after party gravata na cabeça são da Drika Landim a quem não poderei nunca agradecer o suficiente por ter aceitado embarcar nessa loucura!


Making of e cabelo: Salão Chez Lu || Make: Ju Sales || Cerimônia: Capela São Pedro || Recepção: Policenter || Buffet, flores, bolo, bem-casados, doces e chocolates: Bianca Festas || 
Lembrancinha: Flores & Ceia Orquídeas (Giselle) + Elo7 || 
Vestido da noiva: Gorete (costureira) || Roupa do noivo: Zara || DJ: Fabio Coimbra || 
Iluminação: Bianca Festas || 
Convites e identidade visual: feito pelos noivos || 
Espumantes: Supermercado Extra (Salton na promoçon)
Fotografia: Drika Landim || Assessoria, cerimonial e decoração: Vou Casar e Panz

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