domingo, 8 de maio de 2011

Parentada, desconhecidos e non gratos no mini casamento: contra a orkutização das suas bodas

Chamar geral? Really?


Hoje o moço do amendoim vem falar com vocês sobre um assunto delicado. Inclusive pensei, pensei e protelei, e pensei novamente sobre o grau de grosseria que poderia conter uma postagem sobre convites e desconvites, mas, se a intenção é de troca franca, então que sejamos francos! Vocês querem fazer uma cerimônia pequena, simples e íntima pra até 100 convidados (há quem diga que 150 convidados também é mini, mas sou conservadora, pensemos cem), um mini wedding, um mini casamento, um flashmob casamentístico. Os motivos não interessam: você é eremita, seu noivo chegou ontem de Jacarta, a grana está curta, vocês são low profile, tanto faz, a ideia é casar sim, mas naquele clima de só ter os mais chegados.
MAS aí sua mãe quer chamar a vizinha da Legião de Maria, seu irmão começou a namorar semana passada e jura que é pra sempre, parentes de Feira Santana surgem, gente que mal te davam bom dia no corredor da faculdade exigem animadamente estar lá: quero meu convite, hein!

Minha gente, isso aqui é o Brasil! Simplesmente não comparece em nossa cultura a ideia de uma festa, de uma celebração altamente social como é o casamento, sem que haja galera, comida, música, bebida! Há um ano e pouco atrás, uma prima de Minas que nunca vi na vida nos chamou e aos meus pais pro seu casamento. Foi uma cerimônia religiosa, protestante e depois todos rumaram pra um colégio onde foi servido, com toda raiz daquelas paragens, um belo leitão à pururuca, imenso, colocado bem no centro duma mesa farta estilo Última Ceia formada pela união de diversas carteiras escolares. Justo, fecharam um colégio porque era o único lugar da cidade capaz de comportar a árvore genealógica da 1. noiva, 2. noivo, 3. seis padrinhos, 4. cunhados + cunhados dos padrinhos. Mas, pai!, eu disse, eu nem a conheço! Nem sei o nome dela!
- Mas como é que você vai conhecer se você não for? Não fui, desculpa.

É na nossa índole nacional que assim seja. Casamentos, batizados, enterros A OPORTUNIDADE de reunir, encontrar e reencontrar gente que tá dispersa por aí, de jogar na cara de quem achou que você era lésbica QUE VOCÊ ARRANJOU UM HOMEM! ou que você comprou 3 coroas caríssimas pro velório, ou que, eu sei lá.

Vou pular a parte da revolução industrial e da emergência do individualismo no século XIX, ou o apogeu da noção de privacidade, mas fato é que as coisas tem mudado e a ideia de família sanguínea tem sido seriamente substituída pela ideia de família afetiva. Acho que é nessa esteira que vêm os mini casamentos (vêm não tem mais acento, né?). Eu e Rafael, desde o começo, imaginamos algo só pros mais chegados, praqueles que estão presentes nas nossas vidas e na nossa história, decretamos: nesse dia só queremos abraçar quem nós gostamos.

Como tenho lido em lugares como o Intimate Weddings, nos testemunhos das noivas, é que a maior dificuldade de uma celebração pequena é essa: como explicar aos colegas de trabalho, ou parentes, ou mesmo aos familiares próximos que você não vai fazer um leitão à pururuca, um fogo de chão, um pagode na laje? Os pais principalmente não compreendem, claro, ficam chateados, meu pai tá puto porque não quero convidar uma tia detestável e grossa, nem uma outra prima escrota que maltrata a neta, as antigas colegas da igreja, da rua. Gente, sério? Eu nunca mais falei com eles! Porra, é meu casamento, não é o PMDB!
Pra família do Rafael foi mais tranquilo, o pessoal do Sul me parece mais prático... enfim.



Reunindo minha experiência atual (a sogra da minha cunhada está enlouquecida que quer que quer vir e está causando uma celeuma, tia grossa, prima escrota) + as experiências que leio de noutros casórios, resolvi tentar [me] responder a questão: Quais os repelentes eficazes contra a orkutização das bodas?

1. Rigidez: estabeleça um teto numérico na sua lista e não o ultrapasse nem por um cacete. Isso vai te permitir se organizar, contratar coisas, lugar etc com antecedência e calma.

2. Politicagem: como reunião social, o casamento pode facilmente se tornar palco de networking e de politicagem com o pessoal do trabalho, com a vizinhança, com a manicure. É realmente necessário? Vai realmente ferrar com a sua vida não chamar o chefe? Então chame-o, mas convide por último pra você ter tempo de decidir se vale realmente a pena. O mesmo vale pra pessoas venenosas do nosso dia a dia e que, juramos, nos prejudicarão caso façamos essa "desfeita", reflita, ponha numa lista à parte.

3. Priorize o que vocês querem naquele dia: pense nas pessoas que realmente fazem parte da história de vocês e nas que são do seu afeto mesmo. Encabeçar a lista com as pessoas do amor do casal (e não de cada um separadamente) é um belo começo.

4. Controle os impulsos!: chegando lá perto, um, dois meses, começa a dar uma comichão e aí vocês quererem convidar o pessoal da academia, o cobrador do ônibus que você sempre pega, agente! Foco! Resistam! Não voem para a luz.

5. Franqueza: abra o jogo, se a pessoa te para e fala quero meu convite, hein, responda de coração aberto que será uma coisa pequena só pros mais íntimos. Se rolar um desconforto, diga que vocês estão duros e que hoje em dia pra quem é que tá dando pagar festa pra geral né hahahahaha (dê uma risada gostosa ao final). Dê o exemplo clássico dos aniversários em que cada um paga o que consome.

6. Segure sua mãe/avó/tia/madrasta: porque a comichão que te bate, bate nelas com mais força ainda. Aguarde pra ver todo pessoal da bocha lá. Se elas (ou eles: pai/tio/avô/padrasto) reclamar que pô, mas Fulano vai reclamar à beça, responda: manda ele vir falar comigo. Manda mesmo, quero ver se alguém vai te ligar.

7. Reflita sobre amizade: tem tanta gente que se afastou.... por que se afastou? Por que não te responde quando você escreve? Vale a pena investir o coração e a confiança num convite a alguém que sumiu e de repente aparece lá, ou de repente nem aparece? Às vezes vale, outras não... Também, colega e conhecido? Tem que ir mesmo? reflita.

8. Mágoa eterna: se nêgo disser que nunca mais vai falar contigo então canta Mariah Carey, aquela música do clipe dos cavalos.

9. Ligue o foda-se, eu sou o Batman: vocês são os noivos, vocês fazem as regras da bagaça.

8 comentários:

Unknown disse...

Oi Pri! Concordo com tudo!
Como disse num post anterior, por enquanto só estou sonhando com meu casamento e pretendo seguir o mini wedding tb.
Primeiro sou muito discreta, low profile, poucos amigos (essa coisa de ter amizade com todo mundo não rola para mim!) e o lugar dos meus sonhos é pago por convidado (ou seja, quanto menos convidados melhor!).
Depois poucas pessoas participaram da nossa história... sempre procuramos preservar nossa relação e não expor muito.. principalmente para nossas famílias (sim, eu acredito que parente é serpente! não todos, mas alguns...).
Primeiro pensei em 200, reduzi para 150 e agora já estou pensando em apenas 100! Será que o noivo topa? rs
No meu caso, eu tenho pouco contato com meus parentes. A família do meu pai é super tranquila, na deles... agora da minha mãe, sai de baixo! só ligam para dar problema! Odeio!
A família do futuro noivo tb não conheço muito...

Unknown disse...

Sempre tem alguns "sabotadores" de uma lista de convidados mais enxuta...
Alguns exemplos:

Parentes fora do RJ: Alguns parentes meus moram em Brasília e uma grande parte vive no interior do Ceará. Desde já, já estão fora. Como vc disse, laços de sangue não significa laços afetivos. O "noivo" tb tem parentes fora, não sei como ele pretende agir...
Minha mãe tem uma tia que vive em Queimados e eu só fui visita-la uma vez só quando tinha uns 4,5 anos! Mas nem que minha mãe chore eu convido! rsrs

Tios: Uma das minhas tias se separou este ano e tenho consideração pelo "tio". Vou convidá-lo e torcer para não dar barraco! Já outra tia é casada e tem 4 filhos. Imagina se eu tiver que convidar os filhos com as namoradas? Não rola!

Namorada/o de amigos: Essa parte será tensa! Peço para não levar?

E realmente tem pessoas que se afastam... Uma das minhas melhores amigas SUMIU! Tudo bem que ela trabalha, estuda, tem namorado, família, mas não justifica. De vez em quando ainda fico chateada, falo em procura-la mas já me conformei em perder a amizade. Acho um saco quando vc é mais amiga da pessoa do que ela é de vc!


Enfim Pri, convide apenas quem vcs desejam mesmo!

Unknown disse...

Ah, outra coisinha que já decidi é que vou anunciar o casamento para as famílias com apenas 1 ano de antecedência. isso evitará maiores palpites na concepção da festa, na contratação de serviços e afins... As vezes é até chato ser tão discreta em relação a um assunto tão feliz quanto é um casamento... mas as vezes as pessoas também não ajudam!

Emanuelle disse...

Adorei o post!

Eu fiz uma lista pra 100, depois ja caiu para 80 e atualmente esta em 60 , estou muito feliz com essa proeza!!

bjinhuss

www.noivandocasandoamando.com

Camila disse...

Olá!
Achei seu blog na comunidade Casar é fácil e já adorei.
Concordo plenamente com esse seu post. Meu Deus! O pior de tudo foi minha avó reclamando que o meu primo não chamou a irmã dela pro casamento e isso era uma desfeita muito grande!
Só quero ver como é que vai ser no meu! rsrsr...
Beijos e já estou te seguindo!

Daiane disse...

Identificação total. To rindo horrores aqui..rsrsrs (ao menos a gente pode rir um pouco dessas situações né..)
Conheci o seu blog agora e vou entrar mais vezes. Tbm acho que a gente tem que ser franco com as pessoas, dá até menos trabalho.
Camila, já passei por várias situações absurdas envolvendo família (várias..eu sou uma santa mesmo..)e uma delas é exatamente a sua: minha vó exige que eu convide um irmão dela pq no casório da minha prima rolou o maior estresse com isso. E não é só isso: como ele não dirige e mora longe, tem que convidar tbm o filho, e se chamar esse,a nora e o neto vem de brinde...Minha vó disse que vai pagar, poxa, não queria que ela fizesse isso e, mesmo assim, o lugar é pequeno pra ficar chamando muita gente..
Mas a gente vai levando..to me preparando psicologicamente pra outras que ainda virão..
bjss
Daiane

Carolina disse...

Show!!! =D
A gente queria casar na Capela Mayrink, mas depois caí na real: apesar de eu ter poucos amigos e nenhum contato com a família do meu pai, minha mãe tem 11 irmãos/agregados/respectivos filhos que eu vejo pelo menos uma vez por semana e amo de paixão. Quando paramos pra fazer a lista dos indispensáveis MESMO, consegui parar em 98 nomes! Por enquanto estamos com 190 no total, com a vantagem de nossas mães terem dado carta branca pra gente cortar quem quiser!

Beijins!

Unknown disse...

Huauhahuhuahua, você escreve tão gostoso, amei!

Pretendo que meu casamento também seja muito mini. Minha família é enorme, mas não tenho contato. Tenho pouquíssimos amigos verdadeiros, e só vale a pena convidar esses.

A festa vai ser mais pro meu namorado, já que ele é mais apegado à família dos pais do que eu. Vamos ter de equilibrar isso daí. :D

Mas quase certo que o número fique abaixo de 100.

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