quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Casar "pra valer" depois de morar junto - A mesma coisa! Completamente diferente!


Os dias vão passando.. a gente encontra as pessoas e agora tem duas coisas que mais ouço toda vez que estamos eu e o Rafael tentando comprar um litro de leite por menos de 3 reais e aparece algum amigo, algum conhecido: 1) e o bebê vem quando?? e 2) mas vocês já eram casados, né? não mudou nada então... Sabe aqueles momentos doces que a gente passa? Eu não ligo, sério, não ligo de ficar ouvindo as mesmas coisas e não ligo da pergunta do bebê ser clichê. Depois do bebê vão, obviamente, perguntar "e quanto vocês vão dar um irmãozinho?" rss As pessoas nunca estão satisfeitas, a novela precisa andar. Bora, gente! Bora parir crianças! Bora viajar pra Paraty nas férias e pra Araruama no feriadão!
Mas a coisa 2 me deixa sempre um bocado intrigada. É... Já éramos casados antes, amigados na fé, concubinados. Então... não mudou nada.? Olha: nada mudou. Tudo mudou. Tudo é como antes, mas é totalmente diferente agora. Sinto que depois do dia em que reunimos todo mundo, em que a juíza falou coisas, assinamos papéis, demos abraços, jogaram bolinhas de sabão em nós... como tudo poderia continuar igual? Não podia e não está sendo. Casar de verdade, no duro, pro bem ou pro mal, fez nosso relacionamento dar um cavalinho de pau no meio da estrada e começar qualquer coisa nova. Pra qual caminho?

Ouvimos causos de gente que fica um tempão amigado e é muito feliz assim mas então, sei lá, resolve casar e, às vezes em questão de meses, estão separados. Anos de convivência, longa data e a gente se pergunta; o que foi que aconteceu?? Tenho um tio que diz que a água benta tem mandinga separadora. Mas e se o casal é judeu? É protestante? É hare krishna? Todo casal de qualquer credo está sujeito a essas coisas, então. Li uns meses antes do casamento no Off Beat Bride umas boas teorias a respeito, aquilo ficou martelando, daí fico agora pensando que, morando juntos, a coisa parece correr quieta e solta, mas aí, quando surge a proposição de casar, de publicar tudo aquilo que era assunto só de dois, as expectativas dão as caras: depois que assinar esses papéis, que nos disserem palavras sagradas... depois vai ser pra sempre, né?

Por mais que a gente racionalize, o peso da ideia do pra sempre é muito forte. Socialmente falando, historicamente falando, estamos imersos até o pescoço nessa ideia da eternidade do amor. Não dá pra mudar. Crescemos lendo, assistindo filmes, ouvindo canções, flertando com mitologias que falam forte disso... Estava aqui antes de nós, é parte integrante do Ocidente, imperativo, infugível. Durkheim gotta love, como cês sabem. Bem, mas aí tem quem não lide bem com isso de ficar na beira desse abismo inevitável e olhar lá pra baixo, ver a imensidão dessa aposta: apostar no amor, no seja o que deus quiser, em cafés da manhã, brigas, carinhos, engorda-emagrece e desejos. Não lido melhor do que a maioria com isso. Tenho certeza de que o Rafael também não.

De cara, fiquei WOW/DIGDIN DIG DIN sou uma senhora respeitável agora! Aliança na mão esquerda! As vendedoras me tratam melhor agora, meus pais me olham diferente, os professores doutores, os cobradores do ônibus. A aliança na mão esquerda, esse símbolo simples e besta que todos compreendem bem do que se trata: ela é uma senhora, ela não é mais Capitu, ela é DONA CAPITOLINA (que mocetão!).
Nas primeiras semanas eu tava ali incomodada com aquele troço na minha mão, parecia que tinham me colocado aparelho ortodôntico novamente, ficava alerta, tem um troço intruso no meu corpo TIRA! TIRA! e o Rafael tirava a dele também, punha na caixinha, dizia que dava angústia. Dá angústia. Passadas 4 semanas, a sala ainda atrulhada de enfeites, o bolo ainda no congelador, estávamos distantes e confusos.
O que houve? Eu não sei. Nos vimos de repente num lugar bacana diante de muita comida cheirando muito bem, ele me chamou pra conversarmos e eu preocupada com o frango resfriado que tinha acabado de comprar, tinha que levar pra casa: não vai estragar? Mandei a cabeça calar a boca, isso aqui é importante. O que houve?
- Alguma coisa mudou, ele disse, e eu fiquei nervosa.
- Você está me assustando
Não que tivesse mudado pra ruim, ele emendou logo. Simplesmente era uma bigorna caindo na cabeça e nela estava escrito que AGORA VOCÊ É UM CHEFE DE FAMÍLIA, UM HOMEM, AGORA SAIA DESSA CAVERNA E VÁ MATAR MAMUTES.
Os homens possuem suas fases, mas é engraçado como é permitido que permaneçam sendo meninos. Muda é o preço do brinquedo. Mas, um belo dia, são tragados por algum puteiro, por uma garrafa de wisky, pela entrevista de emprego que é a oportunidade da sua vida e agora é pra valer. O casamento é desses marcos. Acho que pra gente é diferente porque a gente brinca de casamento da Barbie, de filhos, de fazer comida. Homens não brincam de casinha.
Don't panic. Estamos juntos há quanto tempo? E por quantas coisas a gente já passou? Quantas coisas fizeram esse tempo curto de um ano e não sei que, dois anos, multiplicados em minutos e horas intensas, eternas? Não tinha como passar por tudo aquilo de escolher bolo, encontrar um lugar pra casar, pagar o cartório, fazer fengshui com as família, engolir situações detestáveis, escolhas difíceis e tudo permanecer o mesmo?

O casamento é um ritual traumático. É passar pelo fogo das próprias expectativas, das expectativas das outras pessoas que a gente vai e enfia no meio de algo que só dizia respeito a duas pessoas. Todo mundo agora espera alguma coisa de nós. Talvez filhos, talvez fidelidade, talvez que compremos um cachorro, talvez que vejamos Paris juntos, e que enriqueçamos, engordemos. O mundo sempre dará boas vindas aos amantes, nunca ninguém vai se cansar de estúpidas canções de amor, há sempre um voto das pessoas, seja de fé ou de descrença, mas estarão lá esperando os desdobramentos dessa novela íntima que, no ato do casamento, tornamos pública.

Tem valido a pena todos os gastos e stress e pirações e dar comida prum monte de gente que vai sair falando mal*. Toda a super-exposição, todo o trauma. Fizemos essa aposta pública de que queremos estar juntos pra sempre. Como aos poucos a aliança parou de angustiar, você vai e se acostuma a viver com o abismo embaixo do pé. A gente volta pra mesma casa pra onde a gente já voltava antes, mas é diferente... Tudo mudou mas a gente tá sabendo que é a mesma dança, e a gente dança o mesmo velho Sinatra cheek to cheek; quero aprender novos passos. É difícil, é imprevisível, e se acabar? Vai doer? Aposta, máfia, aventura... me importa continuar dançando.

*nêgo adora dizer que não vai fazer festa porque saem falando mal. baby, se você convida gente escrota pras tuas comemorações, você está fazendo isto errado.

12 comentários:

marimagno disse...

cara,
vc leu meus pensamentos.
super concordo que muda, que não é a mesma coisa. casar é casar. não tem jeito. mora junta há 50 anos. não é seu marido, minha senhora. sinto muito. não tá casada.

pow...se não seria muito fácil!
pow eu aqui me matando pra me casar, pagar um monte de parada, ficar toda ansiosa, planejar 1 ano antes um casamento pra ser chamada de esposa de alguém (não que vc precise disso tudo pra se casar, opção minha), aí vai a criatura e se ajunta e se chama de esposa???! sai fora né?
hahahaha!

obs: nada contra as pessoas que moram juntos. só queria dizer, que vocês não se casaram. beijo.

eva disse...

Querida Pri como eu concordo com vc. Realmente muda tudo. Acho que o que acontece é que quando apenas moramos juntos, temos aquela sensação que para terminar basta virar as costas e ir embora ( claro que com muito choro e vela). Voces tem uma ligação mas moralmente se sentem livres pq não juramos perante a sociedade, Deus e etc que queremos ficar juntos, pq não assinamos nada então nada é definitivo e podemos mudar tudo sem dar muita satisfação.
Quando casamos oficialmente sentimos que publicamente assumimos um compromisso, as pessoas começam a ter e se sentir no direito de cobrar as consequências/ frutos da relação (filhos).
Eu pessoalmente não tinha o hábito de apresentar como marido era sempre namorado, então dá aquele engasgo na hora de falar, na hora de assinar em formulários que o estado civil é casado.
Não muda o dia a dia, a nossa rotina é a mesma, mas temos a sensação que estamos mais ligados, que reforçamos esse laço. E na falta de um amor verdadeiro associado com a pressão que o compromisso oficial trás mais a falta da ilusão de que estamos livres, tudo isso pode fazer acabar mais rápido o que acabaria em mais uns dias. Somos livre independente do papel, hj em dia esta até mais fácil se separar, mas assumimos diante de todos o compromisso de ficar junto e quem gosta de dizer que foi um erro?
Agora eu acho que muda para muito melhor quando vc só reafirmar o que já sentia, quando vc apenas compartilhou com os amigos e a familia o amor que esta sentindo.
Desculpa o megatexto. Adorei sua observação, afinal meus amigos de verdade e minha familia acharam tudo lindo pq viram com olhos do amor e do carinho, quem convida pessoas escrotas fica sujeito a ouvir que nào foi bom, já que estas nunca estão satisfeitas.
Escreva mais no seu blog adoro seus textos.
Beijos

Luciana Rodarte disse...

Prill, estava com saudades dos seus textos tão inteligentes. Essa reflexão é tão humanamente possível que casar nunca será um erro enquanto acreditarmos, nos entregamos, e nos dedicamos de corpo e alma um ao outro... A verdade é que mudou e não mudou também aqui em casa. A rotina é a mesma,pouco mudou, mas temos a sensação nítida de que o AMOR ganhou status de universo em expansão.
Beijos.

Giovanna Visnardi Rocha Pereira disse...

Wow, vc foi iluminada nesse texto!! Casei com o love of my life dia 16.12.11. Namoramos por quase 6 anos, um tempo bom pra se conhecer.. Mas nossa, as coisas mudam completamente! Tem a fase da adaptação, e não é tão simples assim.. A gente se sente esquisita, ele tb, parece que aquele lugar não nos pertence.. mas ao mesmo tempo, da uma alegria né!! Tive uma conversa muito boa com meu amor, e estávamos refletindo justamente isso.. E como fez bem, estamos muito bem, ele está mais feliz agora, e eu tb... É uma fase esquisita mesmo.. os laços se rompem, tudo ao seu redor muda... Mas é tudo lindo, tudo profundo quando se ama!! Acredito que o maior trunfo de tudo isso é o diálogo.. ele restaura muita coisa! Obrigada por dividir esse texto conosco, tenho certeza que ajudou muitas recém-casadas a se identificarem e entenderem melhor essa fase :D

Ludmila Melo disse...

Primeira vez comentando aqui, apesar de já ter devorado seu blog, li várias páginas de arquivo *rs

eu acho super válido o que você escreveu... namoro a séculos e as pessoas falam que a gente tá casado sem saber. nada disso. acho que a festa de casamento marca o início de um ciclo, tudo muda, a percepção sobre nós mesmos muda!

Atelier Karla Alabarce disse...

Olá, boa tarde!
Represento o Atelier Karla Alabarce, especializado em lembrancinhas personalizadas! Gostaria de saber, se existe a possibilidade de estabelecermos uma parceria! Desde já, agradeço a atenção!

Att,

Karla Alabarce
http://atelierkarlaalabarce.blogspot.com

Vanessa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Vanessa disse...

Adoro teu blog, eu já tinha casado quando te descobri e morri de amores pela tua saga do vestido, também não consegui parar de pensar em casamento desde o meu (em outubro de 2010) e temos uma comu no orkut e uma no face. Entrei aqui hj depois de um tempo e gostei de saber que vc continua com o blog e tá entrando no ramo, bom para as meninas do RJ!!!!
Sobre o tal do primeiro ano de casamento, eu não acreditava quando me diziam "vai ser barra pesada!" Nós também já morávamos juntos há 2 anos quando decidimos casar, e é bem o que vc constatou, "só" morar junto é mais leve, posso arrumar as minhas malas e ir embora se não der certo! Quando casei em 2010 a aliança também incomodava na mão esquerda, chegou a fazer calo! Mas acostuma, e hj continuo olhando para ela que nem boba! rsrsrs
O nosso primeiro ano foi difícil porque atrasaram demais a entrega da nossa casa, foi uma confusão só, ficamos sem teto, morei na casa nova com os pedreiros terminando o acabamento, sem cozinha por 3 meses, nem pia tinha, lavava louça no tanque à noite com um frio de lascar aqui do PR, dormimos com colchão no chão também por vários meses, tudo isso porque os nossos móveis antigos estavam tomados de cupim e a gente não quis arriscar trazer p casa nova... Faltava grana, que desespero! E depois que as coisas foram se ajeitando todo mundo começou a se meter na nossa vida! Sogra, cunhada, mãe, tias, eu tive um surto, briguei com todo mundo, nem para o meu marido olhava direito, colocava a culpa de tudo nele coitado, cheguei a pensar várias vezes em noite de insônia "por que eu casei com esse cara?" Ainda bem que o nosso amor estava lá e com tudo que passamos ficou mais firme, forte, maduro, seguro! No dia em que completamos um ano de casamento a gente foi jantar em um restaurante bacana (passamos no crédito, claro!), o mesmo que fez o buffet do casamento, eu voltei para casa feliz e aliviada e o meu marido passou mal a noite inteira, e eu me perguntando como comida boa faz alguém passar mal, eu comi a mesma coisa! Mas era o corpo dele respondendo a tanta pressão, aí eu vi o quanto eu fui egoísta e só vi as minhas frustrações... Tadinho ele também passou por aquele ano infernal! E as coisas foram acalmando, de repente a gente estava mais feliz, mais leve e a vida continua rolando e eu cada vez mais apaixonada pelo meu homem! =D
Nussa me empolguei!!!!! kkkkkkkkkk
No fim do ano doido surgiu o meu bloguinho o: http://365saborosasemocoes.blogspot.com/
Adoro cozinhar e o blog é sobre comida, se vc tiver um tempinho passa lá... Um beijin

Sheiloca disse...

Pril,, você casou no Recanto do Barão. Minha filha vai casar lá. Você alugou gerador? Acha absolutamente necessário? O casamento dela vai ser de 12h `s 19h. Bjs

Prill disse...

Oi Sheiloca!
Do fundo do coração: acho que vale mais a pena investir numa decoração de velas e tochas pra usar no final do dia do que num gerador que certamente você nem vai precisar usar e, SE POR ACASO PRECISAR, vai ser por 2, 3 horas no máximo (dependendo do mês do casamento).
Manda notícias depois!

Sheiloca disse...

Mando, sim... Dá pena gastar 1.400,00 por um gerador para um casamento que vai ser de 12h às 18h em 08.09.2012, não dá? O Mark diz que já faltou luz lá, e ficaram seu música... É isso que está me matando de preocupação.
Como foi seu casamento lá? Vi as fotos, acompanhei sua saga... Você gostou?
O lugar é lindo, e mais barato do que a Casa de Santa Teresa...
Obrigada pelo carinho, Sheiloca

Ninhada Carioca disse...

Eu discordo. Acho que é de cada um e que importa é como você assume esse compromisso.A festa só vai celebrar e se depois de casar no papel ocorre separação, é porque iria ruir de qualquer jeito. E talvez a festa e a expectativa de parentes fizeram o relacionamento se segurar mais um pouco. Não existe isso, para mim, depois de anos amigados, tratar o marido como um companheiro de acampamento porque não ouviu palavras de um juiz. Reconheço que, o primeiro ano então, é super difícil esse amigado e realmente deve bater a sensação de que a qualquer momento, corre para casa da mamãe.O que também ocorre com boa parte de que casa oficialmente, ainda mais, se tiver pouco tempo de namoro. Mas, depois dos anos, é a tal mesma coisa sim, exceto se você não está com (mais) a cabeça no jogo. O status casado, o compromisso em si, vem de dentro para fora e é muito limitador ser categórico em achar que um papel é que vai fazer um casal mudar.Muda sim como as pessoas te veem, mas, em si, eu tô muito tranquila com minha posição. Se a vendedora não quiser me tratar bem, burra é ela. E as amigas, geralmente solteiras, ficam chamando de namorido, levam um fora. Bom, para conciliação dos fatos, a pressão por bebêzinho é igual, então, porque não seria um casamento em si? E isso não é orkutizar o casamento e, sim, assumir as rédeas sem se preocupar com status e até com o que os outros vão falar. Eu devo oficializar minha união em 2013, pois acho que vale a pena reunir família e amigos na festa que eles não furam por qualquer besteira. risos. Ver todo mundo reunido e tals, Sheiloca, tem um porém nessa história do gerador... pergunte se os equipamentos como geladeira e forno elétrico não serão afetados com a queda de luz. Se for casar no verão, também pense no ar condicionado. Enfim, é só porque não é só a música que é prejudicada. Bebida quente não se resolve com um violão. Enfim,nem sei se já rolou, mas é bom pensar nisso também. abs

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